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domingo, 26 de agosto de 2012

Valor da tarifa de ônibus em Maceió divide opiniões

Passagem a R$ 2,10 acirra ainda mais embate entre rodoviários e empresas do transporte intermunicipal


Maceió viveu três dias consecutivos de caos no início da semana. A paralisação dos rodoviários provocou transtornos no trabalho, reduziu as vendas no comércio, impediu que o usuário do sistema de transporte urbano chegasse ao seu destino e gerou congestionamento nas principais vias da capital.

No centro disso, está o valor da tarifa de ônibus e a queixa dos trabalhadores sobre a falta de negociação das empresas em relação aos salários da categoria. A passagem deveria ser quase R$ 2,50, valor recusado, virou R$ 2,30 e acabou em R$ 2,10 após determinação judicial tomada pelo juiz Ygor Figueiredo e em seguida referendada pela desembargadora Nelma Padilha.

A Associação dos Transportadores de Passageiros do Estado de Alagoas (Transpal) chegou a informar para a imprensa - logo que a discussão sobre a polêmica em relação a tarifa virou assunto recorrente nos veículos de comunicação - que não é possível manter uma passagem "tão barata" porque os custos com manutenção do sistema são altos e o preço estaria defasado. Por sua vez a Justiça alega que a Transpal não justificou que teria prejuízos com a tarifa no valor de R$ 2,10.

'Déficit anual'

Em seu despacho publicado no dia 14 de agosto, a desembargadora Nelma Torres Padilha diz que a Transpal "Alega um déficit anual de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), mas não traz um único balanço ou balancete patrimonial que comprove tal assertiva. A planilha de custos demonstra que o valor está defasado, mas não existe qualquer prova de que as empresas que operam a Permissão para realizarem o Serviço Público de Transporte Coletivo em Maceió estão em déficit ou com passivo superior ao ativo. Quem garante e comprova ao Poder Judiciário qual critério que as Associadas da Transpal estão trabalhando com prejuízos em virtude do valor da tarifa de ônibus? É outra questão nebulosa aos olhos do Poder Judiciário saber se, realmente, as empresas estão operando no "vermelho", diz trecho da decisão da desembargadora.

Transporte irregular

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro), Écio Ângelo Marques, o valor de R$ 2,10 aplicado pela Justiça é uma tarifa não técnica, mas sim política. "Para saber o número exato de quanto seria a tarifa, é preciso saber detalhes, como o número de transporte gratuito", disse Écio Marques.

De acordo com o presidente do Sinttro, o grande número de gratuidade complica a situação dos transportes urbanos. "Existem 23 tipos de doenças patológicas com direito à gratuidade. Tudo isso encarece a tarifa", informou o sindicalista.

Para o Sinttro, a passagem de Maceió não é cara. "R$ 2,30 seria uma tarifa razoável. Olhando de maneira técnica R$ 2,10 é um valor complicado", acrescentou.

De acordo com Écio Ângelo, o transporte irregular encarece a tarifa de Maceió. O sindicalista citou como exemplo o bairro da Chã da Jaqueira. Lá foi reduzido o número de coletivos, segundo o Sinttro, por conta dos veículos clandestinos que "ganharam" a clientela na região. "Há oito ou nove anos faziam a linha Chã da Jaqueira/Centro onze ônibus; agora são apenas quatro. Tudo isso por causa do transporte irregular", informou.

Tarifa

O assessor especial da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), Amaro Araújo, informou que a tarifa feita pelo órgão é R$ 2,30, valor anterior a decisão judicial que baixou para R$ 2,10.

A planilha que "dita" o preço da passagem de ônibus de Maceió é composta por despesas como manutenção, material para repor os veículos, salários dos trabalhadores, dentre outros itens. "O transporte irregular reflete na tarifa de ônibus. Cada passageiro que anda de transporte irregular está fazendo com que investimentos deixem de ser feitos no sistema", disse o assessor especial da SMTT.

De acordo com dados da SMTT, atualmente andam de ônibus urbano seis a sete milhões de passageiros por mês, na capital. Parece muito, mas, na verdade, há quatro ou cinco anos, eram 10 milhões. "Se continuar do jeito que está, com tanto transporte irregular, muitas empresas vão falir", disse.

A frota de Maceió é composta por cerca de 650 ônibus administrados por seis empresas.

Em Aracaju, a passagem custa R$ 2,25, mas o sistema é integrado. O que permite que o usuário possa pegar mais de um transporte pagando o mesmo valor. Já em João Pessoa, a tarifa é R$ 2,20.

A Gazetaweb tentou contato com a superintendência da Transpal para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta.




Por: (gazetaweb)